quarta-feira, 10 de novembro de 2010

João Figueiras Lima - LELÉ

Dia 18-10-10 fui em uma palestra do mestre Lelé na FAU-USP. Então resolvi falar um pouco dele e suas obras.
Nasceu no Rio de Janeiro, 10 de janeiro de 1932. Apesar de ter nascido no Rio de Janeiro, passou a maior parte da vida em Brasília e em Salvador. É conhecido popularmente como Lelé. Formou-se arquiteto pela Universidade do Brasil (atual Universidade Federal do Rio de Janeiro-UFRJ).
Entre os arquitetos da arquitetura moderna do Brasil, Lelé é o arquiteto que leva mais longe as experiências de industrialização de componentes na construção civil - sobretudo em argamassa armada -, mesmo diante das condições precárias do país. Orientado pela dimensão coletiva da arquitetura, trabalha prioritariamente para o poder público em programas de grande alcance social: edifícios residenciais, escolas, hospitais e equipamentos urbanos de saneamento e transporte.
Suas obras destacam-se pela combinação entre a exploração da industrialização na construção civil e a criação de componentes pré-fabricados em série, recurso da forma livre, freqüentemente sinuosa, herdada de seu convívio com Oscar Niemeyer (1907).
O diferencial de Lelé, porém, é o baixo custo e curto prazo. Seus projetos para a construção de edifícios – em particular hospitais – são todos com custos muitos reduzidos, aspecto relevante apenas para um raro grupo de arquitetos que, além de dominarem o ofício de criar e construir valoriza o lado social das obras.
Sua atuação na arquitetura hospitalar começou em 1964, depois de sofrer um acidente de carro. Conheceu, então, o médico e colega Aloysio Campos da Paz e pensou em projetar hospitais que dessem maior autonomia ao paciente. Essa idéia evoluiu até, em 1980, ser inaugurado em Brasília o primeiro hospital da rede Sarah, especializado na reabilitação de pessoas com problemas físico-motores.
Lelé trabalhou por muito tempo em projetos públicos arquitetônicos, porém, como seu método construtivo é rápido e de baixo custo, passou a sofrer boicotes. Hoje, o arquiteto só trabalha nos hospitais da rede Sarah.
"Sua principal qualidade é aliar a construção de prédios à formalização do elemento que compõe o próprio edifício. Ele pensa, desde a maca que será utilizada pelo paciente no hospital até na espessura da viga que sustenta o prédio. E ainda produz os materiais envolvidos nos dois processos"
Anália Amorin

Alguma de suas obras:

Projeto do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia.

Projeto do Tribunal Regional do Trabalho

Hospital Sarah em Brasília, acesso da cobertura ao lago para reabilitação pela prática de iatismo.

Passarela pr-e-fabricada.

Croqui .

As coberturas curvas são características da arquitetura de Lelé para a Rede Sarah.
Os tetos das unidades de internação, por exemplo, são constituídos por esquadria metálica e aletas móveis de policarbonato que, ao serem abertas, possibilitam a iluminação e a ventilação naturais do ambiente.

Os blocos horizontais se conectam longitudinalmente, enquanto a interface com o exterior ocorre através do suave aclive e de grandes áreas ajardinadas.

O auditório esférico e o solário atirantado são os elementos esculturais do projeto.

O grande espelho d’água ladeia o bloco de internações, resguardando o hospital de possíveis inundações resultantes da variação do nível da lagoa de Jacarepaguá.
O auditório, um volume semiesférico e inclinado, é pontuado verticalmente por uma cúpula metálica que, por meio da automatização, abre-se em gomos a fim de propiciar a entrada da luz natural no espaço interno.